Cortar calorias funciona?
O boom de dietas fez as pessoas se esquecerem de que, para emagrecer, é preciso gastar mais do que se consome
Por Vanessa de Sá e Lygia Haydée
Com tantas dietas hoje disponíveis, todas elas proclamando serem definitivas, fica difícil saber a melhor opção na hora em que se decide emagrecer. Melhor cortar carboidratos por um tempo, como recomenda Pierre Dukan, autor do mais famoso regime do momento, a Dieta Dukan, ou melhor tirar as gorduras de vista?
Fato é que a proliferação de dietas fez com que as pessoas se esquecessem ou até nem se dessem conta de um princípio fundamental: se você quer perder peso, é necessário gastar mais do que come, ou seja, a queima de calorias deve ser maior do que o seu consumo. Incrivelmente, esse princípio singelo ainda não havia sido comprovado pela ciência. Não até 2009, quando um estudo publicado no New England Journal of Medicine, uma das mais respeitadas revistas científicas do planeta, jogou uma pá de cal sobre a ideia de que determinados alimentos o farão emagrecer.
A pesquisa comparou, durante dois anos, o efeito que os principais nutrientes têm – gordura, carboidrato e proteína – quando se trata de eliminar os quilos a mais. E a resposta foi óbvia: independentemente do tipo de alimento ingerido, todos os gordinhos estudados se livraram do excesso de peso. “O princípio foi básico: montamos regimes individualizados que somavam 500 cal a 750 cal a menos do que as necessárias para que aquelas pessoas mantivessem o peso. Mas todas as dietas eram saudáveis e amigas do coração, isto é, eram pobres em gordura saturada e colesterol e ricas em fibras e em alimentos de baixo índice glicêmico”, contou Kathy McManus, diretora do Departamento de Nutrição do Brigham and Women’s Hospital (EUA), uma das autoras do trabalho.
Heloisa Guarita, nutricionista da RG Nutri Consultoria Nutricional, explica que uma dieta para redução de peso deve gerar um déficit diário de 500 cal a 1000 cal, o que permite uma perda de 0,45 kg e 1 kg por semana, respectivamente. “Mas é preciso entender que ao passar por uma restrição calórica, a pessoa emagrece não necessariamente de uma forma saudável, ou seja, com perda de gordura e manutenção de água e de proteína corporal. Para que ela perca peso com saúde, não basta apenas cortar calorias, é necessário escolher corretamente os alimentos para que todos os nutrientes sejam ingeridos, como foi feito na dieta que serviu de base para o estudo americano”, diz ela.
As conclusões dos especialistas americanos, entretanto, não ganham a simpatia de todos. Os detratores dessa ideia de que basta que a conta entre o que é ingerido e o que é gasto seja negativa se a ideia é perder peso afirmam que há grandes chances de as pessoas passarem a se permitir comer porcarias, pois o que importa, afinal, é gastar mais do que se come. “É importante lembrar que, além das calorias, os alimentos possuem diversos macro e micronutrientes que influenciam na saúde. Para emagrecer de forma saudável, além de reduzir as calorias, é necessário ter uma dieta equilibrada, para que não haja deficiência de nutrientes”, lembra Heloisa.
Mas não se iluda. A restrição calórica faz, sim, a pessoa perder peso, mas, dependendo do grau da restrição, também faz a pessoa dar aquela “empacada”, quer dizer, ainda que ela esteja comendo pouco os quilos não baixam. Isso acontece porque a privação de energia liga um “alarme” no corpo de que há falta de comida. Esse alarme vem desde os tempos em que o homem vivia em cavernas e tinha de caçar para comer. Quando não havia comida à vista, o organismo acionava um mecanismo que fazia o metabolismo ficar mais lento.
O mesmo acontece quando se está de regime. Quanto mais restritivo ele for e, portanto, mais hipocalórico, mais o metabolismo cairá dali a um tempo, levando à interrupção de perda de peso. “A privação de nutrientes faz com que o organismo passe a poupar mais energia”, diz Fabiana.
Resumindo: “O importante mesmo é ter a consciência de manter a qualidade na alimentação, ao invés de priorizar a quantidade de calorias consumidas. Muitos alimentos são calóricos, mas ricos em nutrientes, como o azeite, as castanhas e o abacate, e precisam estar presentes em uma dieta, mesmo na de quem quer emagrecer”, finaliza Fabiana.
Você sabia?
Na realidade a energia liberada pelos alimentos é medida em Kcal, e 1 Kcal = 1 000 cal. Quando você vê a quantidade de energia em uma embalagem de alimento, ela está expressa em quilocalorias. Mas o termo caloria tornou-se mais popular, já que a quantidade de calorias liberada pelo alimento é muito alta.
Com tantas dietas hoje disponíveis, todas elas proclamando serem definitivas, fica difícil saber a melhor opção na hora em que se decide emagrecer. Melhor cortar carboidratos por um tempo, como recomenda Pierre Dukan, autor do mais famoso regime do momento, a Dieta Dukan, ou melhor tirar as gorduras de vista?
Fato é que a proliferação de dietas fez com que as pessoas se esquecessem ou até nem se dessem conta de um princípio fundamental: se você quer perder peso, é necessário gastar mais do que come, ou seja, a queima de calorias deve ser maior do que o seu consumo. Incrivelmente, esse princípio singelo ainda não havia sido comprovado pela ciência. Não até 2009, quando um estudo publicado no New England Journal of Medicine, uma das mais respeitadas revistas científicas do planeta, jogou uma pá de cal sobre a ideia de que determinados alimentos o farão emagrecer.
A pesquisa comparou, durante dois anos, o efeito que os principais nutrientes têm – gordura, carboidrato e proteína – quando se trata de eliminar os quilos a mais. E a resposta foi óbvia: independentemente do tipo de alimento ingerido, todos os gordinhos estudados se livraram do excesso de peso. “O princípio foi básico: montamos regimes individualizados que somavam 500 cal a 750 cal a menos do que as necessárias para que aquelas pessoas mantivessem o peso. Mas todas as dietas eram saudáveis e amigas do coração, isto é, eram pobres em gordura saturada e colesterol e ricas em fibras e em alimentos de baixo índice glicêmico”, contou Kathy McManus, diretora do Departamento de Nutrição do Brigham and Women’s Hospital (EUA), uma das autoras do trabalho.
Heloisa Guarita, nutricionista da RG Nutri Consultoria Nutricional, explica que uma dieta para redução de peso deve gerar um déficit diário de 500 cal a 1000 cal, o que permite uma perda de 0,45 kg e 1 kg por semana, respectivamente. “Mas é preciso entender que ao passar por uma restrição calórica, a pessoa emagrece não necessariamente de uma forma saudável, ou seja, com perda de gordura e manutenção de água e de proteína corporal. Para que ela perca peso com saúde, não basta apenas cortar calorias, é necessário escolher corretamente os alimentos para que todos os nutrientes sejam ingeridos, como foi feito na dieta que serviu de base para o estudo americano”, diz ela.
As conclusões dos especialistas americanos, entretanto, não ganham a simpatia de todos. Os detratores dessa ideia de que basta que a conta entre o que é ingerido e o que é gasto seja negativa se a ideia é perder peso afirmam que há grandes chances de as pessoas passarem a se permitir comer porcarias, pois o que importa, afinal, é gastar mais do que se come. “É importante lembrar que, além das calorias, os alimentos possuem diversos macro e micronutrientes que influenciam na saúde. Para emagrecer de forma saudável, além de reduzir as calorias, é necessário ter uma dieta equilibrada, para que não haja deficiência de nutrientes”, lembra Heloisa.
Mas não se iluda. A restrição calórica faz, sim, a pessoa perder peso, mas, dependendo do grau da restrição, também faz a pessoa dar aquela “empacada”, quer dizer, ainda que ela esteja comendo pouco os quilos não baixam. Isso acontece porque a privação de energia liga um “alarme” no corpo de que há falta de comida. Esse alarme vem desde os tempos em que o homem vivia em cavernas e tinha de caçar para comer. Quando não havia comida à vista, o organismo acionava um mecanismo que fazia o metabolismo ficar mais lento.
O mesmo acontece quando se está de regime. Quanto mais restritivo ele for e, portanto, mais hipocalórico, mais o metabolismo cairá dali a um tempo, levando à interrupção de perda de peso. “A privação de nutrientes faz com que o organismo passe a poupar mais energia”, diz Fabiana.
Resumindo: “O importante mesmo é ter a consciência de manter a qualidade na alimentação, ao invés de priorizar a quantidade de calorias consumidas. Muitos alimentos são calóricos, mas ricos em nutrientes, como o azeite, as castanhas e o abacate, e precisam estar presentes em uma dieta, mesmo na de quem quer emagrecer”, finaliza Fabiana.
Você sabia?
Na realidade a energia liberada pelos alimentos é medida em Kcal, e 1 Kcal = 1 000 cal. Quando você vê a quantidade de energia em uma embalagem de alimento, ela está expressa em quilocalorias. Mas o termo caloria tornou-se mais popular, já que a quantidade de calorias liberada pelo alimento é muito alta.
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